O sorriso de Lilí / Homenaxe a Araceli Herrero Figueroa / Colectivo Egeria
Aracéli, que estás no Além
Nom lembro o momento. Tampouco sei quando tivem a oportunidade de conhecer pessoalmente Aracéli Herrero Figueroa. Do que estou certa é de que no ano 1981 recebim um exemplar da sua obra “Luis Pimentel” e de que, desde esse mesmo ano, um grupo de pessoas na sua maioria antigos alunos do Professor Carvalho Calero, professores universitários, escritores, estudantes, professores de Instituto, profissionais, empresários, economistas, advogados, historiadores… organizados numha associaçom, começamos a reflexionar e a trabalhar sobre o futuro da língua da Galiza (normalizaçom e normas ortográficas, morfológicas, léxico…). Os nossos encontros e lugar de trabalho tinham lugar, habitualmente, num local cedido por Jesús Couceiro.
Houvo duas propostas básicas: “normativa de mínimos” e “normativa de máximos”. Dous ou três anos depois já começarom os abandonos por parte de pessoas que considerarom demasiado prematuro optar polos “máximos”. A realidade é que Aracéli sempre confessou que ela nom era partidária dos máximos e além do mais assegurou-me que se eu deixava de ser Presidenta da AGAL, ela também deixaria de ser membro dessa Associaçom (como assim aconteceu).
Nom obstante, no nº 1 da revista ‘Agália’ (primavera de 1985), páginas 111-114, comenta os dous volumes de “Livros e autores galegos” do Professor Carvalho. Nas “Actas do II Congresso internacional da Língua Galego Portuguesa na Galiza” (1990: 373-382) aparece a sua conferência intitulada, “As Crónicas do Sochantre, de Álvaro Cunqueiro. Romeo e Xulieta, famosos namorados: umha aventura de metateatro”. Nas “Actas do III Congresso […]. Em homenagem ao Professor Carvalho Calero” (1993: 569-581) está o seu contributo “Estatuto do narrador. Pluridiscursividade e intertextualidade em ‘Aos amores seródios”.
Juntas fijemos umha viagem a Lisboa, para participar no I Simpósio Interdisciplinar de Estudos Portugueses – Dimensões da alteridade nas culturas de língua portuguesa – O outro, organizado pola Universidade Nova de Lisboa, que tivo lugar os dias 20 a 23 de novembro de 1985, onde apresentei um texto intitulado “Portugal visto por Castelao através de Sempre en Galiza” (págs. 367-387). Construo umha sistematizaçom da mensagem que nos deixou A. Rodríguez Castelao na sua obra Sempre en Galiza. Elaboro umha síntese do seu ideário: (a) Portugal para os galeguistas e nacionalistas nom é um país invisível, os nacionalistas galegos sempre estiverom e estám interessados por Portugal; (b) Em opiniom de Castelao, Portugal necessita da Galiza e a Galiza necessita de Portugal, etc. Neste Simpósio também apresentou um trabalho Elvira Souto.
Recepción no Concello de Mondoñedo con motivo do Congreso Cunqueiro. De esqueda a dereita, Martiño Moreno Santalla, Emma Valcarce Pestana (Alcaldesa), Xabier Cordal, Aurora Marco, Ramón Reimunde e María do Carmo Henríquez Salido. A foto fíxoa Araceli, que lla mandou a María do Carmo indicando: "Carme, nom se che ve muito bem, mas som un recordo"
Durante vários dias (19, 20 e 21 de abril de 1991) conversamos em Mondonhedo, por motivo da celebraçom do Congresso Cunqueiro. Aracéli, junto com Bernardo Penabade, Xavier Cordal Fustes e Ramom Reimunde Norenha organizarom um magnífico Congresso, com intervençons de M. A. Araújo Iglesias, Germán Palacios, J. Trapero Pardo, Xosé Díaz Jácome, Francisco Mayán Fernández, Manuel María, Ramom Reimunde, Martinho Santalha, César C. Morám, Aracéli Herrero, Aurora Marco, X.M. González Reboredo, J. M. Paz Gago, Mª do Carmo Cozinha, Xosé Francisco Armesto Faginas, Xoán-Luis Marín Escudero e César Cunqueiro. Aracéli, Bernardo, Xavier e Ramom coordenarom a publicaçom das Actas (1993), editadas polo Serviço de Publicaçons da Deputaçom de Lugo. Aracéli disertou sobre “O teatro elisabethiano de Cunqueiro como metadiscurso teatral. A personaxe dramática” (págs. 139-153).
Consta como participante no seminário internacional “Poder, ideología e língua”, celebrado em Ourense na Sala de Cultura de Caixa Galícia, os dias 2, 3 e 4 de maio de 1991. Os conferencistas fôrom: L. J. Calvet (Universidade de Paris); A. Chiti-Batelli (Roma), Secretário da Delegaçom italiana na Assembleia Europeia; Guy Heraud (Universidade de Pau) e Yvo Peeters (Conselheiro-Experto do Conselho de Europa), co-Redactor da Carta Europeia dos idiomas regionais e minoritários e da Declaraçom Universal de Direitos lingüísticos. O “Relatório” foi elaborado por Mª do Carmo Henríquez, Pedro Fernández Velho e Felisindo Rodríguez Vilarinho.
Estivemos em Ferrol nos Encontros con Dom Ricardo, organizados pola Câmara Municipal, celebrados os dias 10 e 11 de dezembro de 2010, onde disertou sobre “A creación literaria do profesor Carvalho Calero”. Voltamos a ver-nos nessa cidade na tarde do dia 24 de janeiro de 2020, quando se inaugurou a exposiçom e se apresentarom os dous livros: um recolhe os textos dos conferencistas e outro a “Imagem de cem anos”. Desse encontro ficou constância nas fotografias realizadas por indicaçom da Aracéli, remetidas por nós a Júlio junto com o texto do correio, onde se incorporam as fotografias. Creio que gostava da fotografia e nom perdia a oportunidade de fotografar eventos e pessoas participantes. Nom tinha perdido o seu sorriso e carinho para as suas antigas companheiras e amigos.
Aracéli está associada na minha mente a duas décadas (1981-2001), quando um grupo notável de pessoas com formaçom e profissons muito diversas, trabalhamos generosamente (sem nengum lucro económico pessoal, mais bem tínhamos que estar continuamente entregando ajudas económicas) por um ideal presente nas figuras mais importantes da história, da filologia, da língüística e da literatura galego-portuguesa, tendo sempre como referente mais próximo ao inesquecível Professor Ricardo Carvalho Calero. Éramos generosos (“quase sempre por imperativo económico”, como lhes lembrava). Aracéli e um grupo de pessoas, mencionadas nas páginas finais da correspondente obra ou na Tabula gratulatoria, fijemos possível a ediçom de Cantigas de amigo e outros poemas de Ricardo Carvalho Calero (1986), A vida escura de Jenaro Marinhas (1987), Lua de além-mar e rio de sonho e tempo. Nova edição revista e anotada pelo autor de Ernesto Guerra da Cal (1991) ou Caracol ao Pôr-do.Sol de Ernesto Guerra da Cal (2001), com Prólogo de Carlos Reis.
Lamentamos e sentimos profunda dor antes e agora, máxime por nom termos podido atender o seu convite, umha vez que estivesse recuperada da sua próxima intervençom cirúrgica… Dize um aforismo atribuido a Hipócrates, recolhido por Séneca: “Ars longa, vita brevis”, que interpretamos com a paráfrase “O conhecimento e a arte (‘a mestria para saber as cousas desde a raíz’) aprende-se durante muito tempo, mas a vida é breve”.